segunda-feira, 9 de maio de 2011

Felicidade reversa

Duda tinha seu lanche confiscado todo santo dia na escola. Era gordinho, de cabelos cheios e andava de pernas abertas por conta de suas assaduras. Marreta, um garoto da sétima série, corria atrás de Duda e alcançava-o facilmente, o segurava pelos cabelos e o enchia de mocas, até que seu choro o fazia levar as mãos ao rosto e soltava seu lanche, o qual Marreta pegava e saía correndo. Duda não mais suportava tamanha humilhação e resolveu dar um basta. No dia seguinte, quando Marreta veio em sua direção, Duda jogou seu lanche no chão e o pisoteou. O brutamontes não acreditou no que viu, ainda mais no momento em que Duda levantou seu indicador gordinho em direção a Marreta e proferiu palavras trêmulas:
" - Se eu não como, você também não vai"

Marreta, enfurecido, aproximou-se do menino até ficar cara a cara, com os dentes acirrados, prometendo:
" - Meio dia e meio, no parquinho! Vou arrebentar sua cara" - Saindo em seguida.

Duda sentiu suas pernas fraquejarem, correu para o terceiro andar e trancou-se no banheiro. Sentado na privada, puxava seus próprios cabelos, chorava e tampou os seus ouvidos por horas, confrontando os demônios em sua mente . Nunca brigara em sua vida. Sentia um frio na barriga só de imaginar a imagem de Marreta armando um cruzado de direita em sua face. No ápice de sua lamúria, resolveu orar pra Deus. Pediu que Ele intervisse de qualquer forma para que salvasse seu dia. Expôs suas qualidades, contou quando salvara um cachorrinho abandonado, quando fizera curativo na asa de um pardal ferido e quando ajudara uma velhinha a atravessar a rua. Por fim, secou suas lágrimas e olhou seu relógio: Meio-dia e quinze. Fez o sinal da cruz e saiu para o corredor. Ao chegar no hall do terceiro andar, seu corpo congelou pro inteiro. Estavam estiradas dezenas de corpos de alunos no chão, todos baleados. Alguns ainda agonizavam. Porém, diante da escada, jazia um corpo que provocou uma tremenda serenidade em Duda: o de Marreta, com dois tiros no peito. Uma figura robusta e mal-humorada se projetou diante de Duda com dois revólveres em mãos, Duda permanecia perplexo. Era Wellington Menezes. Ele guardou uma de suas armas, acariciou os cabelos de Duda com um sentimento fraternal e subiu as escadas.
Duda agradeceu a Deus, amarrou seu cadarço e desceu para o segundo andar. Ao passar por Marreta, deu uma bicuda em sua canela e seguiu cantarolando.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Doce e imunda inocência

Sarinha catou as moedas em seu bolsinho, contou-as uma a uma e despejou sobre a mão áspera de sr. Haroldo. Ficou por um minuto decidindo se levaria o pirulito de cereja ou de uva até que escolheu o primeiro, desembrulhou-o e o enfiou na boca olhando de soslaio para Sr. Haroldo e sorrindo em seguida. Ao sair, empinou sua pequena bunda e ainda olhou pra trás dando um novo sorriso, que inspirava algo entre inocência e subjetiva feminilidade de uma puta. Sr. Haroldo, desconcertado, ergueu a mão vagarosamente simulando um “tchau”, boquiaberto com a sensualidade daquela menina que aparentava ter seus oito ou nove anos. Sr. Haroldo começou a suar frio. Sentia-se culpado, mas o calor que subira em suas calças o fez fechar as portas do comércio e correr para o banheiro. E lá foi onde se masturbou tristemente com a imagem da menina lambendo seu pirulito.


“ – Por que você tem que ser assim com essa idade meninaaaaaaaa!!!??? Arrrrgh!!!


(Ejaculação)