domingo, 2 de outubro de 2011

Luso-luxo

Isabel olhava distraída para o cafezal à sua frente e tocava os lábios com a ponta dos dedos vagarosamente. Seus olhos possuíam um brilho incomum. O dia parecia mais completo. Acariciou seu ventre e notou que ainda podia senti-lo dentro dela: imponente, selvagem e calculista. A lembrança daqueles olhos contrastantes sobre seu corpo frágil e tímido demoraria dias, quem sabe anos, até que se esvaísse. Fora tão inesquecível que Isabela mal se deu conta que estava prestes a se masturbar em pleno escritório. Levou as mãos à cabeça, respirou fundo e sorriu pra si mesma. Logo, abriu a gaveta, tomou uma folha em branco, embebeu sua pena com tinta preta e começou a escrever como nunca escrevera. Ao terminar, assinou seu nome por completo ao fim do documento e intitulou-o por “Lei áurea”.