sábado, 26 de setembro de 2009

Os pilares da felicidade

Quando criança, costumava acordar às seis da manhã. Calçava-me às pressas, com os olhos cheios de areia e corria para a varanda pra esperar minha mãe. Descíamos o longo caminho de nossa casa até a estrada, pra esperar o padeiro passar com sua velha Brasília bege. Em meio aos pães franceses, minha mãe levava alguns cruzeiros a mais pra comprar um pão suíço. Um dia era meu e noutro, de minha irmã. Confesso que nos dias que não eram meus, desejava que seu pão suíço caísse no chão (Como criança é boba!).
Quando o natal se aproximava, folheava os jornais da Casa & Vídeo, vendo preços dos vídeo games recém-lançados e mesmo sabendo que não o teria nem tão cedo, circulava ofertas, lia e relia três, quatro vezes. Tive meu primeiro Master System, vendendo frutas que meu avô me cedia nas feiras de Domingo. E como dei valor a aquele brinquedo... Assoprava, polia, Dobrava os fios metricamente. Era um devoto do Sonic.
Ainda novo, construímos nossa própria piscina. Com pedras da cachoeira e regada pela mesma. A água cortava a pele de tão fria, mas lá ficava, de dedos enrugados, feliz da vida.
A vida não foi fácil. Era difícil pra uma criança assistir o comercial dos Comandos em ação sem ter o helicóptero no tapete da sala. Mas por outro lado, o pouco que tivemos, foi usado até perder a cor, o brilho, mas não perdeu o valor. De uma vida digna, banhada de bons risos e momentos inesquecíveis (Certo macaco Tião?). Não tínhamos por perto tudo que se desejava, mas tínhamos um valor maior que qualquer brinquedo da Estrela, Vídeo cassete de 7 cabeças ou a Boneca Barbie original: Tínhamos (E temos...) a nós mesmos...

sábado, 12 de setembro de 2009

Bebês arianos

Eles estão por toda a parte: Nos pacotes de fraldas, nos outdoors, nos planos de saúde, em animações infantis. Senão fosse o cheiro de talco, me cheiraria a uma grande conspiração. Um renascimento oculto do Nazismo, onde o mundo está sendo conquistado aos poucos pela raça ariana. De bochechas rosadas, cabelos repartidos a lá Hitler e dedos gordinhos apontados à sua cara. São preferidos e idolatrados, todos querem ter um. A lista de espera na adoção, rejeitam os demais como num campo de concentração. Dessa vez, sem holocausto. Somente uma fogueira social que aquece as vaidades dos adoradores de cabelos loiros e olhos azuis. É o mundo como todos queriam, mas que não admitem na frente da televisão. Onde a diversidade dá lugar a um desejo uniforme, linear e estúpido.
Nunca vi fralda com estampado de criança negra, e acredito que meu filho vá nascer, crescer, parar de defecar em si mesmo e essa história não vai mudar. É a oculta e sombria Suástica invertida que habita o coração de muita gente por aí.