Quando criança, costumava acordar às seis da manhã. Calçava-me às pressas, com os olhos cheios de areia e corria para a varanda pra esperar minha mãe. Descíamos o longo caminho de nossa casa até a estrada, pra esperar o padeiro passar com sua velha Brasília bege. Em meio aos pães franceses, minha mãe levava alguns cruzeiros a mais pra comprar um pão suíço. Um dia era meu e noutro, de minha irmã. Confesso que nos dias que não eram meus, desejava que seu pão suíço caísse no chão (Como criança é boba!).
Quando o natal se aproximava, folheava os jornais da Casa & Vídeo, vendo preços dos vídeo games recém-lançados e mesmo sabendo que não o teria nem tão cedo, circulava ofertas, lia e relia três, quatro vezes. Tive meu primeiro Master System, vendendo frutas que meu avô me cedia nas feiras de Domingo. E como dei valor a aquele brinquedo... Assoprava, polia, Dobrava os fios metricamente. Era um devoto do Sonic.
Ainda novo, construímos nossa própria piscina. Com pedras da cachoeira e regada pela mesma. A água cortava a pele de tão fria, mas lá ficava, de dedos enrugados, feliz da vida.
A vida não foi fácil. Era difícil pra uma criança assistir o comercial dos Comandos em ação sem ter o helicóptero no tapete da sala. Mas por outro lado, o pouco que tivemos, foi usado até perder a cor, o brilho, mas não perdeu o valor. De uma vida digna, banhada de bons risos e momentos inesquecíveis (Certo macaco Tião?). Não tínhamos por perto tudo que se desejava, mas tínhamos um valor maior que qualquer brinquedo da Estrela, Vídeo cassete de 7 cabeças ou a Boneca Barbie original: Tínhamos (E temos...) a nós mesmos...
Contos, fatos ou apenas opiniões degustadas em copos de boteco, repousadas em bancos de coletivos e amassadas em meio a multidões. Aqui se fala de amor, se fala de horror e se fala da verdade nua e crua censurada a quem vê, mas não enxerga, cozida a fogo brando, temperada a ferro e brasa. Forjada pelo martelo de um juíz de si mesmo que contempla o processo eterno da vida. Sem intimar testemunhas, sem punir os réus, numa prisão domiciliar da pequena cela em sua mente...
sábado, 26 de setembro de 2009
sábado, 12 de setembro de 2009
Bebês arianos
Eles estão por toda a parte: Nos pacotes de fraldas, nos outdoors, nos planos de saúde, em animações infantis. Senão fosse o cheiro de talco, me cheiraria a uma grande conspiração. Um renascimento oculto do Nazismo, onde o mundo está sendo conquistado aos poucos pela raça ariana. De bochechas rosadas, cabelos repartidos a lá Hitler e dedos gordinhos apontados à sua cara. São preferidos e idolatrados, todos querem ter um. A lista de espera na adoção, rejeitam os demais como num campo de concentração. Dessa vez, sem holocausto. Somente uma fogueira social que aquece as vaidades dos adoradores de cabelos loiros e olhos azuis. É o mundo como todos queriam, mas que não admitem na frente da televisão. Onde a diversidade dá lugar a um desejo uniforme, linear e estúpido.
Nunca vi fralda com estampado de criança negra, e acredito que meu filho vá nascer, crescer, parar de defecar em si mesmo e essa história não vai mudar. É a oculta e sombria Suástica invertida que habita o coração de muita gente por aí.
Nunca vi fralda com estampado de criança negra, e acredito que meu filho vá nascer, crescer, parar de defecar em si mesmo e essa história não vai mudar. É a oculta e sombria Suástica invertida que habita o coração de muita gente por aí.
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