Firmino estava sedento por diversão. Fazia 3 meses que não saia de casa pra se entreter. Penteou seu cabelo de lado, espirrou seu Très Marchand na sovaqueira, fivelou sua pochete e saiu de cabeça erguida, orgulhoso de sua auto-estima, hoje inflamada. Sentou-se no boteco do Renato, pediu uma Glacial e ficou a admirar a rua, mas a nostalgia por seu divórcio o tomou por inteiro. Sentiu-se carente e sozinho até o momento em que uma dama rompeu o silêncio de sua alma:
" - Posso tomar um copo contigo?"
Firmino não acreditou em seus ouvidos. Embaraçado, puxou uma cadeira com as mãos trêmulas e reverenciou sua nova companhia. Ela se esparramou, acendeu um Derby e fitou Firmino cima a baixo.
" - E aí, qualé a boa?"
Firmino quase conteve sua extasia, mas tomou um gole e resolveu ir direto ao ponto:
" - Você chupa?"
Ela arregalou seus olhos castanhos, estaria surpresa, senão fosse pelo seu longo currículo. Pediu:
" - Me dá tua mão"
Firmino estendeu sua mão, ainda trêmula. Ela a segurou com a delicadeza de uma enfermeira separou seu dedo maior e enfiou goela adentro. Ao tirar, deu uma longa chupada na ponta. Piscou lentamente e sorriu.
Firmino pediu a conta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário