sábado, 25 de abril de 2009

O que se espera da vida...

Se vê pessoas que não encontram em si mesmas o propósito de viver. Parecem estar num campo de concentração esperando as ordens de um soldado dominante. Acabam vivendo uma vida passiva, esperando os dias acrescentarem os acontecimentos. E se perguntam constantemente, mais parecendo um lamento a viver, (Como se fosse uma terrível obrigação) o que esperar da vida... A resposta é simples: Não esperamos nada. Simplemente, a vida nos espera. Caímos no mundo como anjos, nus, em branco, prontos a sermos lapidados. A vida nos espera, e nos oferece de mãos abertas tudo de mais maravilhoso que aqui habita. Vale de cada ser, cumprir o seu personagem na natureza a fim de fazer a grande engrenagem girar como se deve. E as respostas pra todas as perguntas que o impedem de estar bem consigo mesmo, habita em você mesmo. Em sua grande maioria, buscamos respostas em outras pessoas pra cobrir a verdade que nos pesa o estômago, que não queremos aceitar. Seria mais fácil se tivessemos um fígado no cérebro, mas enquanto não temos, use um pouco de seus olhos, e tente adentrar a um espelho e ver o quanto é maravilhoso e detalhista, o reflexo de si mesmo. E procure ser verdadeiro, assim como seu reflexo te sorri, e te entristece na mesma intensidade. O que fizer pra si mesmo, refletirá mesmo quando não tiver um espelho em mãos.

Fecha aspas....

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O amor cego

Estava sentado à beira da rua, já quase deserta no fim da noite de páscoa, esperando o coletivo com a paciência usual em meus pensamentos, quando veio se desvencilhando em meios aos obstáculos da calçada, um casal de deficientes visuais. Cada um guiava às escuras os passos do outro. Pareciam ter olhos que eu não conseguia ver, mesmo com minha mente sã e visão sadia. Pareciam estar em paz, despreocupados com as horas ou onde estavam. Pararam no ponto e ficaram as cegas com as cabeças voltadas para o nada, num horizonte vazio, de luzes onde as pessoas provavelmente jantavam reunidas as suas famílias. Quando a mulher, tateou a sua frente, o rosto de seu companheiro e parecia um oleiro preparando sua obra. Sentia cada linha do seu rosto e ambos sorriram pra si mesmos, e assim começaram a se beijar longamente. Fiquei ali parado, admirando aquela troca cega de carinhos, em que pareciam tão verdadeiros consigo mesmos. A medida em que se beijavam, um amor maior parecia devorar-lhes, um amor diferente, um tanto puro, mais até sensual que o amor usual. Então percebi, que tinha a minha frente a resposta pra todas as perguntas sobre o fim de vários amores: A vaidade de ambas as partes. Ali se amavam cegamente, onde prevalece somente o que emerge da mais profundeza da alma. Um lugar talvez não conhecido por muitos. Invejei de forma branca aquela cena, suas maiores desgraças, eram suas maiores dádivas. Um amor cego e puro os tomava, e nada mais importava, nem a minha presença, nem a noite que se extinguia, nem os carros que passavam, nem tão pouco se não viam qual ônibus iriam embarcar. Só o amor... Tomei meu coletivo, sem querer saber o destino daquele casal dali pra frente, pois já haviam me concebido uma resposta a qual buscava há tempos, sem mesmo saberem que o teriam feito. Adormeci em paz a caminho do trabalho.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

A arte de recomeçar

Foi como uma força que te corta toda a libido. Te toma em tênue nostalgia. O sofá da sala parece te engolir, e afaga seus cabelos com uma língua fria e áspera. E assim, você se entrega. Deixa a barba por fazer, veste as mesmas vestes quando toma um banho quente, e fica ali, horas a pensar. Se não fosse a beleza da vida, até pensava em se matar.
Então se vê numa vida linear, pronto a afirmar que é o fim, que acaba assim, num estalar de dedos.
Mas aí, a coisa muda. Aparecem coisas belas, que dão pulos aos seus pés (belas palavras Fabiana), músicas aos seus ouvidos, que te tomam como um banho frio num fluxo contínuo, como um menstruação de idéias férteis. Que te motivam como se tivesse um filho, pronto a nascer de sua cabeça. Agora iluminada pela maravilhosa necessidade de recomeçar.

Já desisti por um tempo, mas o tempo não me deixa ir.

...Fecha aspas