sábado, 27 de junho de 2009

Como ser um cidadão sexual

...Os beijos, abraços e carícias já estavam atingindo a temperatura supernova quando decidi que era hora de levar o animal pra abate. Estava ela: linda, morena e feliz. Ela me olhou nos olhos e disse: “Eu não quero dormir em casa hoje!”. Pedido atendido. Se tem algum lugar que fica aberto 24 h sem ser sua casa, esse algum é o Habibs. Mas como não queria comer nada com a boca, preferi ir pro motel mesmo. Chegando lá, pedi Apê com discrição, com meia fresta da janela aberta. Foi aí que a recepcionista me pediu que adiantasse 50% do valor. A princípio até aceitei e saquei minha humilde carteira, mas depois pensei com meus botões e achei aquilo um grande preconceito. Questionei arrogantemente e ela afirmou ser “Procedimento da casa”, e logo lamentou-se falsamente. Desliguei o carro, saí dando uma bela porrada na porta (essa parte foi cinematográfica) e mandei chamar o gerente. Quando o sujeito chegou, já cheguei discretamente gritando: “Por que a porra da casa quer me cobrar adiantado? Nem quando eu entrei com dois casais foi assim!”. O gerente me pediu que tivesse calma e me chamou pra conversar no canto. Questionei: “ – Ô meu gerente! Isso é igual self-service... Primeiro a gente come, depois a gente paga... Se eu quisesse pagar e comer eu iria na terma. To certo meu caro!?” O gerente embaraçado, me disse que tinha toda a razão, mas que era procedimento da casa. Parecia atendente de telemarketing. Só faltava falar no gerúndio. Tive um lapso de classe social e puxei minha carteira como se fosse uma pistola 380:
“ - Você ta duvidando que eu tenho dinheiro? Olha aqui ó! Escolhe como eu quero te pagar!”
Fiz um leque em minhas mãos, como um jogador de poker profissional. Nele estavam meus trunfos: Dois Mastercard’s, sendo um estourado e um adicional. Um cartão de débito com CC sem fundos. Meu ticket de alimentação que só aceita comer coisas em mercados, Meu Riocard, Meu cartão da Unimed e por fim sem desmerecê-lo, meu calendário do Flamengo! (O mais bonito da jogada, quase um Royal Straight Flush). Fiz isso tão rápido que antes que o gerente pudesse ver minhas cartas, minha carteira já estava no bolso. Mas pra ele pareceu um baralho de American Express. (Se ainda assim duvidasse, meu carnê das Casas Bahia tava no porta-luvas, pronto pra virar um talão de cheques do Unibanco Uniclass.). Puxei meu malote de nota de R$2,00 do bolso e folheei na cara dele, virando e desvirando. Afinal, Tartaruga parece bastante com a Garoupa da nota de R$100. Ele coçou a cabeça e disse que ia abrir uma exceção. Se desculpou, e saiu andando. Gritei:
“ – Onde é que você ta indo? Pode ir chamando faxineiro, garçom, camareira, cozinheiro e o senhor também! Agora tem que empurrar meu carro porque essa porra só pega no tranco!

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