Contos, fatos ou apenas opiniões degustadas em copos de boteco, repousadas em bancos de coletivos e amassadas em meio a multidões. Aqui se fala de amor, se fala de horror e se fala da verdade nua e crua censurada a quem vê, mas não enxerga, cozida a fogo brando, temperada a ferro e brasa. Forjada pelo martelo de um juíz de si mesmo que contempla o processo eterno da vida. Sem intimar testemunhas, sem punir os réus, numa prisão domiciliar da pequena cela em sua mente...
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Semblante de mulher
Eu atendia duas jovens com pouco mais de 18 anos. Lindas, com seus cabelos escovados, toques de maquilagens rosados, decotes exuberantes. Radiantes de alegria, sorriam à toa, fazendo bobas piadas sobre tudo ao redor. Me distraíram facilmente, até que uma outra figura feminina se aproximou por detrás das meninas, discretamente. Desloquei a visão tirando as jovens de foco, e vi uma senhora com seus trinta e tantos anos, de braços cruzados e seriamente impassível, porém, de alguma forma, inspirava simpatia. Dispensei as meninas rapidamente, e recebi a mulher com um cortês "boa noite". Ela começou a falar e sua voz era madura, medida e cheia de reticências. Me olhava dentro dos olhos com uma segurança intimidadora. E ao me ouvir, parecia avaliar cada palavra comprometendo minha atenção. Atendendo seus pedidos de compra, me afastei e retomei o olhar à ela. De longe, era ainda mais "mulher". Tinha um semblante espetacular de se portar. Vi ali, o que realmente era uma mulher de verdade. De beleza madura e consciente disso. Sem se exaltar. Era apenas mulher... Passei a noite pensando se um dia, minha futura esposa teria a mesma vaidade depois de anos de casamento, ou se inspiraria simpatia mesmo diante de um espelho, vendo que sua beleza, deixava de longe, duas meninas na flor da idade, parecerem crianças mimadas que cuidam de seus corpos como de suas bonecas Barbie...
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